Pétanque
- O quê?!?!
Andar na brincadeira com mais de uma bola não augura grande saúde. A petanca, esse joguinho francês onde meia dúzia de rotos se perde com uma dúzia de bolas de ferro é disso mesmo um exemplo. A questão, embora pareça o contrário pelas minhas primeiras palavras, até nem deve ser abordada sob esse prisma. Muito mais importante do que todas essas discussões paralelas à volta de um jogo que envolve bolas de ferro, exige questionar-se: Como é que pode haver uma Federação Francesa da Petanca e não se ouvir falar de uma Federação Portuguesa da Malha (FPM)? Andamos todos a dormir ou quê!? Urge que se crie uma FPM mais não seja porque o jogo da malha é muito mais jogo que o jogo da petanca, senão veja-se:
Na petanca atira-se a bola ao ar e já está, é como fazer aquelas sopas instantâneas em que é só misturar água quente. O jogo da malha é muito mais elaborado e de difícil execução. Não é só atirar uma bola com o braço numa postura meia atrofiada, por mais pesada que esta possa ser, e ficar ali à espera que ela vá ter, por obra e graça de algum santo, junto do marcador. Nada disso!, no jogo da malha tem que se derrubar um Meco e essa não é a sua maior dificuldade. Para além da malha ter que partir tudo na sua aterragem esta deverá, ainda por cima, ficar o mais próximo possível do Meco escavacado, debaixo deste, se houver artista capaz.
Na petanca basta ter um nadinha de força no pulso. Na malha, para além de se exigir um braço onde as veias parecem querer explodir em sangue, muitas outras variáveis têm que ser ajustadas: Afinar a pontaria com um olho mirando a malha e o Meco; Dar lanço e largar a malha no ar com força e direcção certas e; dependendo do jogador, correr atrás dela torcendo o corpo para o lado em que a esta deve decair. É que não pode ser nem mais nem menos. A torção abdominal tem que ser cientificamente calculada. Um cheirinho a mais de força no abdominal direito tem que ser compensado com uma pequena inclinação para o lado esquerdo antes de a malha aterrar ou esta falhará inevitavelmente o Meco. Toda a gente sabe que orientar um objecto voador é muito mais difícil do que estar ali parado à espera que uma bola de ferro acabe de rolar no chão. Orientar uma malha exige abdominais com força capaz de controlar um míssil perdido. Há quem jure a pés juntos ter já visto a malha ser deslocada no ar pelas manobras de orientação telepáticas de quem a arremessa. Eu nunca vi, juro!, mas que há fé capaz de mover montanhas neste jogo isso não duvido nem por um momento. Ver o homem a orientar a trajectória da malha no ar é, para além do jogo, um admirável espectáculo coreográfico.
Na petanca só há uma atitude: Atirar a bola e cruzar os braços. Na malha há uma postura activa permanente.
Uma bola cai; uma malha aterra.
Os gajos da petanca bebem limonadas; Os da malha bebem cerveja ou vinho verde ou maduro, tinto.
E não há mais nada a dizer.
Andar na brincadeira com mais de uma bola não augura grande saúde. A petanca, esse joguinho francês onde meia dúzia de rotos se perde com uma dúzia de bolas de ferro é disso mesmo um exemplo. A questão, embora pareça o contrário pelas minhas primeiras palavras, até nem deve ser abordada sob esse prisma. Muito mais importante do que todas essas discussões paralelas à volta de um jogo que envolve bolas de ferro, exige questionar-se: Como é que pode haver uma Federação Francesa da Petanca e não se ouvir falar de uma Federação Portuguesa da Malha (FPM)? Andamos todos a dormir ou quê!? Urge que se crie uma FPM mais não seja porque o jogo da malha é muito mais jogo que o jogo da petanca, senão veja-se:
Na petanca atira-se a bola ao ar e já está, é como fazer aquelas sopas instantâneas em que é só misturar água quente. O jogo da malha é muito mais elaborado e de difícil execução. Não é só atirar uma bola com o braço numa postura meia atrofiada, por mais pesada que esta possa ser, e ficar ali à espera que ela vá ter, por obra e graça de algum santo, junto do marcador. Nada disso!, no jogo da malha tem que se derrubar um Meco e essa não é a sua maior dificuldade. Para além da malha ter que partir tudo na sua aterragem esta deverá, ainda por cima, ficar o mais próximo possível do Meco escavacado, debaixo deste, se houver artista capaz.
Na petanca basta ter um nadinha de força no pulso. Na malha, para além de se exigir um braço onde as veias parecem querer explodir em sangue, muitas outras variáveis têm que ser ajustadas: Afinar a pontaria com um olho mirando a malha e o Meco; Dar lanço e largar a malha no ar com força e direcção certas e; dependendo do jogador, correr atrás dela torcendo o corpo para o lado em que a esta deve decair. É que não pode ser nem mais nem menos. A torção abdominal tem que ser cientificamente calculada. Um cheirinho a mais de força no abdominal direito tem que ser compensado com uma pequena inclinação para o lado esquerdo antes de a malha aterrar ou esta falhará inevitavelmente o Meco. Toda a gente sabe que orientar um objecto voador é muito mais difícil do que estar ali parado à espera que uma bola de ferro acabe de rolar no chão. Orientar uma malha exige abdominais com força capaz de controlar um míssil perdido. Há quem jure a pés juntos ter já visto a malha ser deslocada no ar pelas manobras de orientação telepáticas de quem a arremessa. Eu nunca vi, juro!, mas que há fé capaz de mover montanhas neste jogo isso não duvido nem por um momento. Ver o homem a orientar a trajectória da malha no ar é, para além do jogo, um admirável espectáculo coreográfico.
Na petanca só há uma atitude: Atirar a bola e cruzar os braços. Na malha há uma postura activa permanente.
Uma bola cai; uma malha aterra.
Os gajos da petanca bebem limonadas; Os da malha bebem cerveja ou vinho verde ou maduro, tinto.
E não há mais nada a dizer.
Por tudo isto, exijo uma FPM, mais não seja porque ao contrário da petanca que serve apenas para entreter velhos que estão à espera da morte, o jogo da malha é uma demonstração física de vida e saúde, de festa, de alegria, de convívio. Se a França tem uma federação para proteger e incentivar um jogo de espera para que alguma morte os leve, muito mais Portugal merece uma FPM que sirva a grande festa da vida.